segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ELEAZAR DE CARVALHO, nosso personagem


Eleazar de Carvalho nasceu em Iguatu, pequeno município do interior do Ceará, em 28 de julho de 1912. Iniciou os estudos de música ainda criança em sua cidade natal, onde atuou na banda musical. Mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou na Marinha. Tocava tuba na Banda do Batalhão Naval. Pouco tempo depois foi estudar na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por esta época, começou a compor. Sua primeira ópera recebeu o título de A Descoberta do Brasil, cuja estréia aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. “A primeira fase de Eleazar como compositor foi fortemente marcada pela linguagem nacionalista, algo comum para a época. Mais tarde, ele mudaria completamente”, explica Hashimoto.


Eleazar de Carvalho foi músico do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e estudou com o compositor Francisco Mignone. Sua obra como compositor, entretanto, é pequena, visto que logo se decidiu pela carreira de regente. Para dar impulso à sua trajetória, o maestro decidiu, por conta própria, mudar-se para os Estados Unidos. Seu objetivo, tido como “uma excentricidade” pelos mais próximos, era reger uma das três grandes orquestras norte-americanas da época: Boston, Filadélfia ou Nova York. Em 1946, ele finalmente embarcou, com a cara e a coragem, para a América. Lá, bateu literalmente de porta em porta oferecendo-se para atuar como regente. “O titular da Orquestra da Filadélfia achou a atitude de Eleazar ousada e absurda. Tanto que disse a ele para que fosse reger uma orquestra do interior e voltasse somente dali a 20 anos”, relata Hashimoto.


Determinado, o maestro brasileiro não deu ouvidos ao “conselho”. Ao tomar conhecimento sobre o festival de música erudita que ocorreria em Massachusetts, cujo formato inspirou o Festival de Inverno de Campos do Jordão, Eleazar de Carvalho abalou-se até lá. Seu intento era ser admitido como aluno do consagrado Sergey Koussevitzky, que daria um curso durante o evento. Como as inscrições já tivessem sido encerradas, o brasileiro decidiu lançar mão de uma estratégia heterodoxa, por assim dizer. Para ser recebido por Koussevitzky, mentiu que era portador de uma mensagem do presidente do Brasil para o famoso maestro. Assim que foi recebido, admitiu a farsa, mas pediu uma chance ao interlocutor.


O brasileiro teria dito: “Deixe-me reger por apenas cinco minutos. Se não me aprovar, irei embora”. Não apenas foi aprovado, como em pouco tempo tornou-se assistente de Koussevitzky, ao lado do também conhecido Leonard Bernstein. Um ano e meio após ter sido quase enxotado, Eleazar de Carvalho regeria a Orquestra da Filadélfia como convidado. “Depois disso, ele teve uma carreira cada vez mais ascendente. Não apenas regeu as três mais importantes orquestra norte-americanas, como havia almejado, como esteve à frente das maiores orquestras do mundo”, assinala o autor da tese de doutrado. Entre os ex-alunos de Eleazar de Carvalho estão nomes importantes como Claudio Abbado, Zubin Metah, Seiji Ozawa, Gustav Meier, David Wooldbridge, Harold Faberman e Charles Dutoit.


O maestro brasileiro permaneceu nos Estados Unidos até o começo da década de 70, embora viesse esporadicamente ao Brasil. Em 1972, ele voltou definitivamente ao seu país, onde daria continuidade à carreira, mas com um viés diferente. Aqui, ele reorganizou a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), reformulou o Festival de Inverno de Campos do Jordão e criou programas para a concessão de bolsas de estudos para jovens instrumentistas brasileiros. “Eleazar sem dúvida infuenciou e continua influenciando muitos músicos no Brasil e no mundo”, atesta Hashimoto. O regente morreu em 12 de setembro de 1996, em São Paulo.

2 comentários:

  1. Fiquei conhecendo seu blog sobre o TEATRO AMAZONAS, GOSTEI DE SABER, estive na AMAZÓNIA há pouco tempo e estou publicando meus textos e fotos no meu blog, convido-o a visitar,
    HELENA

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